Segundo um estudo publicado no Journal of Dental Hygiene, sensações de medo e/ou ansiedade antes de um procedimento dentário, são normais na população geral. O estudo The Prevelance of Dental Anoiety in Dental Practice Settings refere que entre 50% a 80% da população americana apresenta alguma forma de medo e/ou ansiedade antes da realização de um procedimento dentário, podendo os sintomas ir de ligeiros a moderados.
É importante que o paciente saiba que não está sozinho e que existem técnicas disponíveis para o ajudar a ultrapassar os medos e ansiedades, incluindo a sedação e anestesia. (in White, L. Giblin, L. Bloyd, The Prevalence of Dental Anxiety in Dental Practice Settings, Journal of dental hygiene (2017, vol. 91, 30-34).
Qualquer uma destas técnicas pode aliviar os níveis de ansiedade, ajudar a prevenir a dor e garantir a segurança do tratamento. Apesar de próximas, sedação e a anestesia não são a mesma coisa. Os efeitos secundários sentidos são idênticos em ambas as técnicas, como a sonolência, diminuição do equilíbrio e da coordenação motora, amnésia para o procedimento, entre outros.
Os fármacos administrados permanecem no organismo durante várias horas, motivo pelo qual deve levar sempre alguém para o acompanhar e está impedido de conduzir nas horas seguintes ao procedimento.
Iniciada a sedação, o paciente irá sentir-se relaxado e poderá deixar-se cair num sono ligeiro, como referido em Conscious sedation for surgical procedures. (in: Debra, M., Wechter, G., Conscious sedation for surgical procedures, A.D.A.M., Inc. (2015))
De uma forma geral, a comunidade dentária refere-se a este fenómeno como sendo sedação consciente pelo facto de o paciente se encontrar num estado flutuante entre um estado de acordado e sonolência profunda. Com este grau de sedação o paciente é capaz de manter o estímulo respiratório, responder a alguns estímulos verbais e físicos.
Com a sedação consciente os pacientes são colocados a dormir durante o procedimento e na maioria dos casos não terão qualquer recordação do procedimento. As guidelines da American Dental Association defendem que estas técnicas devem ser realizadas apenas na presença de uma equipa profissional especializada neste tipo de procedimentos, com rigorosa monitorização de sinais vitais, assim como material de abordagem à via aérea avançada e fármacos de emergência. (in: Debra, M., Wechter, G., Conscious sedation for surgical procedures,
A.D.A.M., Inc. (2015))
De uma forma geral qualquer pessoa pode recorrer à sedação consciente. Na medicina dentária de adultos, os casos que recorrem com maior frequência à sedação consciente são para extracção de dentes do siso e colocação de implantes dentários. De acordo com o famoso jornal Annals of Maxillofacial Surgery, onde se aborda o tema Conscious Sedation in Dentistry, a sedação é considerada apropriada para pacientes com fobia de dentista ou com patologias agravadas pelo stress (arritmia ou epilepsia), ou ainda qualquer outro paciente submetido a um procedimento prolongado. Pacientes com deficiência mental, crianças ou pessoas com reflexo de vómito agudo ou dificuldade em abrir a boca, podem também ser sujeitas a sedação consciente. (in: Kapur, A., Kapur, V., Conscious sedation in Dentistry, A.D.A.M., Inc. (2015); Agarwal, R., Tom, J., Anesthesia or Sedation for Your Child ’ s Dental Work ?, American Academy of Pediatrics (2016)
Os níveis de sedação podem ir desde um nível ligeiro até ao profundo durante o mesmo procedimento. Os fármacos usados durante uma sedação têm um efeito hipnótico assim como, apesar de ligeiro, analgésico.
Numa sedação ligeira, os fármacos usados permitem ao paciente um estado de relaxamento, controlando principalmente a ansiedade. Na grande maioria das situações o nível de consciência mantém-se ou assiste-se a uma ligeira sonolência, sendo facilmente despertável. Neste caso o paciente consegue responder a estímulos externos, tanto táteis como verbais.
Na sedação moderada o nível de consciência fica mais deprimido. A resposta a estímulos verbais e táteis é quase nula, sendo o paciente despertável com estímulos dolorosos ligeiros.
Em relação à sedação profunda, a consciência fica deprimida sendo que o paciente só desperta sob estímulos dolorosos ou repetidos.
Em todos estes níveis os pacientes mantêm a ventilação espontânea, sem necessidade de nenhum auxiliar da via aérea. Na maioria das vezes apenas é colocada uma cânula nasal para administração de oxigénio suplementar.
A monitorização dos sinais vitais é crucial. Estes níveis de sedação podem oscilar entre si. De forma a manter sempre a segurança é indispensável a presença de médico Anestesiologista assim como enfermeiro com competência em Anestesiologia.
Na anestesia geral o paciente é colocado num estado de coma induzido. Nesta situação a ventilação espontânea não é possível sendo necessário o uso de auxiliar da via aérea com posterior ventilação mecânica. Aqui os doentes não respondem a qualquer estímulo. A anestesia geral é necessária para procedimentos mais invasivos e muito dolorosos, que alem disso impliquem uma imobilização completa do paciente.
Para a maioria dos procedimentos dentários, realizados em ambiente de consultório, o nível de sedação pretendido é leve a moderado em que a consciência é mantida ou rapidamente recuperada.
O efeito analgésico dos fármacos utilizados é residual, sendo extremamente importante que seja feito um complemento analgésico. Ou seja, o facto de o paciente estar sob uma sedação não exclui a necessidade de realização de anestesia local.
Tanto a sedação como a anestesia geral têm riscos associados. Estes são mais frequentes na anestesia geral que na sedação e são, de uma forma resumida, complicações respiratórias, regurgitação com posterior pneumonia de aspiração, lesões nervosas temporárias associadas a procedimentos mais demorados e reação alérgica aos fármacos administrados.
De forma a reduzir ao mínimo as complicações associadas, é elaborado um questionário de avaliação pré-anestésico, com posterior validação pelo anestesiologista. Aliada a esta avaliação, são feitas as seguintes recomendações para que o procedimento seja feito em toda segurança.
Os fármacos anestésicos, atualmente, são altamente seguros. Com o cumprimento de todas as recomendações assim como com uma adequada e constante vigilância da equipa anestésica, o risco de complicação é quase nulo. Podemos então concluir que é seguro realizar estes procedimentos dentários sob sedação, permitindo ao paciente um maior conforto.